13.9.07

PARAÍSO NA TERRA (DUBAI)

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Companhias internacionais como CNN e Microsoft já jogaram âncoras em seus centros de escritórios. Marcas de luxo enchem seus muitos shopping centers.Visitantes lotam seus hotéis de luxo. Universidades, entre elas a Universidade Estadual da Geórgia, estão montando filiais lá, assim como firmas internacionais de arquitetura, como Thompson, Ventulett, Stainback & Associates e Perkins & Will, de Atlanta.

Ao usar sua localização estratégica e as receitas do petróleo como trampolim para se modernizar, diversificar sua economia e atrair investimento estrangeiro, os líderes de Dubai vêem seu pequeno país (do tamanho do estado americano de Rhode Island) como modelo para o desenvolvimento do mundo árabe. O sultão Ahmed Bin Sulayem, um dos principais assessores do governante, xeque Mohammed bin Rashid al-Maktoum, diz que "Dubai é um exemplo de como criar algo do nada".Jeffrey A. Rosensweig, diretor do Programa de Perspectivas Globais da Escola de Economia Goizueta da Universidade Emory, compara Dubai a Cingapura, outro país pequeno e pobre em recursos que se transformou no pólo do Sudeste Asiático.


"Dubai está se tornando um ponto de entrada para o Oriente Médio, a região que tem mais petróleo no mundo", ele diz. "Isso mostra como uma cidade pode criar uma realidade para si mesma e vender isso para o mundo. Dez anos atrás ninguém falava em Dubai."Mas para alguns observadores ainda é preciso ver que tipo de realidade está se formando aqui.

Por um lado, o ritmo frenético e o caráter do desenvolvimento inédito de Dubai, segundo alguns críticos, projetam um futuro de problemas ambientais e de sustentabilidade. Apesar de a maior parte de sua expansão ainda estar nas pranchetas, o tráfego já é um pesadelo em sua principal artéria, a avenida Xeque Zayed. E há crescente preocupação sobre os impactos em longo prazo da dessalinização das águas do golfo para irrigar campos de golfe e condomínios luxuriantes, assim como a incessante demanda por energia para refrigerar suas reluzentes torres de vidro.

Mas até agora pouca coisa conseguiu desacelerar essa corrida do ouro do século 21. O fenômeno é descrito desta maneira pelo arquiteto Ray Hoover, diretor da TVS, uma firma de Atlanta que participa de vários projetos de alto perfil do país: "No melhor dos casos, um otimismo desenfreado. No pior, um caos desenfreado. É atirar antes de mirar".

Excesso de projetos

Para a maioria dos americanos, Dubai provavelmente só surgiu há pouco tempo, quando houve a polêmica sobre o plano de sua empresa de administração de portos, DP World, assumir vários portos americanos no início deste ano. Mas nos últimos vários anos Dubai vem chamando a atenção de todo o mundo por seu perfil arrogante: ao longo da avenida Xeque Zayed, inúmeros edifícios que chamam a atenção --um minarete elevado, um hotel em forma de onda, torres enormes pintadas de vermelho e azul-- perfuram os céus perpetuamente ensolarados.

A escala de quase todos os projetos aqui desafia a imaginação. O Burj Dubai, uma estrutura em construção que deverá ser a torre mais alta do mundo, com mais de 600 metros, terá o dobro da altura do edifício do Bank of America em Atlanta. O Shopping dos Emirados, uma cornucópia de lojas de luxo que causaria vergonha a Rodeo Drive, tem seis vezes o tamanho da Lenox Square, mas será relativamente discreto quando dois shoppings maiores forem concluídos.

A construção desses megaprojetos ocupa quase um quinto de todos os guindastes de construção do mundo e dezenas de milhares de trabalhadores importados e mal-remunerados, que trabalham até durante a noite.

Por enquanto, o principal emblema de todo esse furor arquitetônico é o Burj al Arab, um hotel de US$ 1 bilhão que parece uma gigantesca vela branca.Considerado o primeiro hotel "sete estrelas" do mundo, o Burj (que significa "torre") é um espetáculo de opulência e exagero. Seu saguão tem uma fonte que jorra ao compasso de Tchaikovsky, flanqueada por alguns tanques de peixes que ficariam bem no Aquário da Geórgia. Até as suítes mais baratas, de US$ 1 mil por noite, têm acessórios de ouro maciço, mordomos e um cardápio de 12 páginas só com opções de travesseiros.

Não contente com os 70 quilômetros de litoral que a natureza deu a Dubai, o xeque Mohammed concebeu esses projetos para criar mais propriedade lucrativa. No golfo, três grupos de ilhas artificiais em forma de palmeiras estão sendo construídos com aterros de pedra e areia retiradas de um canal próximo, que lhe darão mais 400 quilômetros de novas praias.

A menor delas, Palm Jumeirah, vai aumentar a florescente carteira imobiliária de Dubai com 8.800 residências e 30 hotéis --incluindo um em forma de lótus, que está sendo desenvolvido por Donald Trump. Assim como The World, outro arquipélago feito pelo homem em forma de mapa-múndi, eles poderão ser vistos da lua.



Maravilhas de Dubai

O Mundo

Esqueça seu pequeno paraíso particular. Você pode comprar um "país" inteiro em The World, uma das quatro comunidades em construção em ilhas artificiais no golfo. Com a forma de continentes, as 300 ilhas representam países ou cidades (os países politicamente incorretos são omitidos). As ilhas terão acesso por barco ou avião. Em construção.

Domo de Neve

A "experiência ártica" de Dubai inclui uma pista de esqui (a maior do mundo) em torno de uma cadeia de montanhas; um rinque de gelo; um hotel em forma de iceberg; neve de verdade e ruídos de ursos polares. Tudo embaixo de um enorme domo de vidro. Em construção.Falcon City of WondersAs maravilhas do mundo --do Taj Mahal aos Jardins Suspensos da Babilônia--, tudo num mesmo lugar. Essa é sua chance de morar na Torre Eiffel, fazer compras nas Grandes Pirâmides e escalar a Grande Muralha sem sair de Dubai. Construção prestes a começar.Burj DubaiPelo menos por enquanto esse arranha-céu de vidro deverá ser o maior do mundo quando terminado. A peça central de US$ 20 bilhões de uma cidade dentro da cidade vai abrigar espaços residenciais e comerciais, incluindo o hotel Armani Dubai, um clube do charuto, quatro piscinas e uma biblioteca. Conclusão prevista para 2008. "